Falar sobre a Ilha Fernando de Noronha é uma alegria para mim, pois fui agraciada em voltar após algumas décadas..kk.. Tenho post no blog relatando as minhas primeiras impressões na ilha, quando era bem jovem. Agora, após completar 40 anos, volto para esse lugar tão requisitado e desejado por muitos.
A minha segunda vez na ilha foi em Novembro de 2020, durante a pandemia, por isso, é importante descrever como foi a burocracia para entrar na ilha.
Como entrar na ilha Fernando de Noronha durante a pandemia?
A fiscalização estava bem rígida, pois faz parte do processo em não permitir que o turista leve o vírus para a população local. Os turistas precisavam fazer o exame PCR (do cotonete) 24h antes do embarque. No início, eu critiquei um pouco essa postura em fazer o PCR somente 24h do embarque, pois o resultado desse exame não ficava pronto em 24h, por isso, só daria para apresentar a cia aérea o protocolo de que o exame foi feito, e não, o resultado.
Na época, eu enviei milhares de e-mails para a fiscalização da ilha, mas as respostas vinham em um formato padrão, não causando nenhum senso crítico a minha sugestão de aumentar o prazo do exame antes do embarque. Depois de dois meses, eu fiquei sabendo que as autoridades locais mudaram a regra para o PCR 72h antes do embarque, que faz mais sentido, pois tanto a cia aérea, quanto o passageiro e a fiscalização da ilha podem ter certeza se o turista esta contaminado ou não, antes de entrar no avião.
IMPORTANTE: até o momento, quem não fizer o PCR, não entra nem dentro do avião, quanto mais na ilha. Fiquem atentos!
O portal da ilha possui todas as informações atualizadas, para que possam acompanhar as exigências do momento.
Após a sua chegada na ilha, você precisa entrar numa fila para apresentar o resultado do PCR e logo após, outra para pagar a taxa de preservação ambiental. O cálculo da taxa é feito de acordo com a quantidade de dias de permanência na ilha. Ela pode ser paga de forma online, pelo site Noronha, para otimizar o seu tempo no aeroporto de Fernando de Noronha, que é bem pequeno para atender um voo inteiro, em poucos minutos.
No meu caso, como fiz o PCR 24h antes do embarque, a fiscalização da ilha colocou uma pulseira branca no meu punho para identificar que eu estava de quarentena até enviar o resultado do PCR às autoridades. Recebi o número oficial do whatsapp da ilha para envio do resultado, que foi divulgado no dia seguinte.
Como chegar até a sua pousada?
Você pode contratar um serviço de transfer, com as agências de turismo local, ou pedir um taxi, o que for mais conveniente ao seu estilo de viagem.
Onde se hospedar em Fernando de Noronha?
Quando fui pela primeira, havia poucas pousadas na ilha e muitas casas de pescadores, para quem buscava uma hospedagem mais econômica. Hoje em dia, as casas de pescadores viraram pequenas pousadas com uma infraestrutura simples, mas cobrando valor de pousada confortável se comparar valores de hoteis no Sudeste e Nordeste do país.
A minha primeira hospedagem na ilha foi na Pousada Estrela do Mar, que ainda está em funcionamento e oferece chalés de madeira para os hóspedes. Já na minha segunda vez, fiquei numa pousada simples, administrada por famílias locais (antiga casa de pescador). Os valores de hospedagem na ilha são surreais e para que você tenha conforto, acaba pagando bem caro por isso.
É importante mencionar os tipos de hospedagem na ilha, porque muitos viajantes estão acostumados a se hospedar em lugares confortáveis e quando chega na ilha, percebe que o valor investido na hospedagem será por algum lugar mais simples. Lembrando que há também as pousadas padrão luxo, onde a diária passa dos mil reais para casal.
O que fazer em Fernando de Noronha?
Para melhor conservar a região do Parque Nacional, o governo contratou uma empresa tercerizada, que construiu Postos de Informação e Controle (PIC) para atendimento ao turista, cobrando entrada para a sua manutenção e pagamento dos funcionários. Disseram-me que é a mesma empresa que cuida do Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, e do Zoo do Rio de Janeiro.
Esse pagamento para visitar o Parque Nacional foi novidade para mim, cuja a circulação era livre, com acessos tranquilos sem monitorização, há décadas atrás. Acredito que essa ação foi uma benfeitoria para manter o habitat ecológico estável, evitando que os atos humanos destruam a natureza local. Achei o atendimento nos PICs muito bom, onde há uma infraestrtura com banheiros, lojas de souvenir e lanchonete.
Lembrando que o trabalho de conservação do Parque Nacional acontece com a fiscalização do ICMBio sempre muito presente nos principais locais turísticos da ilha.
Como fazer um planejamento de atividades na ilha?
Para que você faça um bom planejamento de atividades na ilha, primeiro, precisa listar os lugares que gostaria de conhecer e encaixar com a quantidade de dias de permanência na ilha. No meu caso, como eu já sabia que queria passar o dia em algumas praias do Parque Nacional, por isso, me programei de pagar a entrada no final do meu segundo dia na ilha, horário que abre a bilheteria. Lembrando que eu fiquei de quarentena o primeiro dia, aguardando o resultado do PCR.
Segue abaixo a minha programação na ilha:
1- um dia para circular pela vila dos remédios, primeiro ponto de habitação na ilha, e conhecer as praias do centro: praia do Cachorro, praia do Meio e praia da Conceição.
Já aproveitei para anotar os lugares, onde queria jantar, após à praia. A maioria dos restaurantes ficam concentrados nessa região da ilha, perto também do bairro Floresta Nova.
A escadaria de acesso da praia do Cachorro, fica bem ao lado do Bar do Cachorro, no final da ladeira da Vila dos Remédios. Sugiro que andem pelas praias na maré baixa, trazendo segurança para realizar a travessia de uma ponta a outra. Você vai achar alguns lugares inusitados, como piscinas naturais modeladas nas rochas vulcânicas, com uma vista linda para o Morro do Pico.
A praia do Meio não é muito visitada pelos turistas e a da Conceição, é o ponto de encontro para o pôr do sol. No final desse dia, fui até a bilheteria do ICMBio para pagar a entrada do Parque Nacional e pegar o cartão de acesso.
IMPORTANTE: após você pagar a entrada, sugiro que faça logo os agendamentos para ter acesso em alguns pontos concorridos da ilha, como a piscina natural do Atalaia, do Abreus, além das trilhas.
2- um dia para matar as saudades de uma das praias mais bonitas do Brasil: praia do Sancho. A famosa praia que possui uma escada de acesso entre as rochas. Não fui muito feliz nesse dia, pois choveu muito durante a manhã e quando sai do ônibus, para caminhar pela estrada até o PIC do Sancho, estava com uma lama inacreditável! Além de escorregar muito, ela grudava na sola do chinelo fazendo camadas espessas.
Posso dizer que foi uma aventura bem desagradável! Revoltante pagar pela taxa de preservação e ter que presenciar uma cena lamentável de desespero e angustia em ficar atolada na lama, numa estrada que não foi cuidada pelo governo, que recebe as taxas dos turistas.
Após todo esse sufoco, consegui chegar no PIC da praia do Sancho e fui socorrida por almas caridosas, que me ajudaram a arrancar toda aquela lama do chinelo, pés e pernas.
Sugiro que cheguem cedo para aproveitar muito o dia nesse local, pois há duas trilhas com mirantes incríveis: o mirante da Baía dos Golfinhos, vários outros mirantes da praia do Sancho e o mirante da Baía dos Porcos. Fiquem atentos ao horário de funcionamento, para que possam circular com calma e conhecer todos os mirantes.
3- dia de voltar a piscina natural do Atalaia, que foi agendada no dia que fui ao ICMBio. Para esse passeio, é necessário levar máscara de mergulho (eles não aceitam óculos de natação), além do colete salva vidas. Esse 2 itens são extremamente necessários para mergulhar na piscina natural.
Quando fui pela primeira vez, eu contratei um buggy, que me deixou bem perto. Dessa vez, esse caminho foi fechado e aberto um outro na vila dos Trinta, onde você faz a trilha a pé até chegar nas piscinas. Precisa chegar com 30 mintuos de antecedência para assistir as instruções dos monitores do Atalaia. Ainda não há um PIC no Atalaia, mas você encontra infraestrutura de bancos e lanchonete na entrada para a trilha. O banheiro é estilo químico.
Eu espero que vocês possam ter momentos incríveis no Atalaia, mas eu não tive. Acho que eu estava com uma expectativa muito alta em ver tubarão filhote, pois vi da outra vez. Mas agora, o lance é apreciar a vegetação local, curtir a trilha e a beleza dos corais e peixes bem pequenos na piscina natural.
Lembrando que é proibido o uso de protetor solar e repelente antes do mergulho.
Agendei no ICMBio a trilha longa do Atalaia, então, após o mergulho, ainda fiz uma trilha belíssima, mas embaixo de chuva, pela encosta da ilha do Atalaia até o Porto. O que achei? Com certeza eu iria aproveitar mais o momento em um dia de sol. Como você precisa pagar um guia local para fazer a trilha, achei uma imprudência o ICMBio liberarem os guias de realizarem a trilha com condições não propícias para uma boa segurança do turista. Boa parte da trilha é feita em cima de rochas vulcânicas soltas, na beira do mar, onde há acesso a outras piscinas naturais, mais escondidas.
O grupo teve sorte de que ninguém se machucou, mas todos chegaram exaustos na última parada de piscina natural e no Porto. A trilha pega desde o Atalaia, passando pela Pontinha e depois, desce percorrendo Caieiras pelas pedras até o Porto.
4- circuito das praias de fora: praia do Boldró, praia Americana, praia do Bode, praia Cacimba do Padre e Baía dos Porcos.
Sugiro que chegue na maré baixa para fazer de uma ponta a outra. O ônibus deixa bem perto da praia do Boldró, com acesso fácil até a praia. Há um mirante abandonado, que você pode usar como uma paradinha estratégica para tirar fotos da paisagem.
Cada praia possui o seu encanto, mas as mais procuradas são Cacimba do Padre e Baía dos Porcos. Se não quiser iniciar o circuito pela praia do Boldró, pode ir direto para a praia do Bode. Há uma barraca com venda de bebidas e petiscos nas praias de Bode e Cacimba do Padre.
Atenção: não pode entrar nas piscinas naturais, do final da Baía dos Porcos, pois é uma região de preservação permanente.
CUIDADO: os tubarões são mais frequentes após às 16h nas praias do Bode e Cacimba do Padre. Eles ficam caçando peixes menores, bem no raso, na arrebentação. Uma pessoa desavizada pode sofrer algum ataque, caso esteja muito perto dele, nesse horário do dia, quando estão se alimentando.
Eu fiquei bem assustada com isso, até porque você consegue ver os tubarões muito no raso. Não me lembro de ter ouvido relatos, há décadas atrás, de tubarões nadando no raso das praias. Naquela época, só conseguiria vê-los, contratando mergulho de cilindro. Por quê será que eles estão vindo para o raso para se alimentar? Será que o habitat deles foi modificado e não acham alimentação em alto mar?
IMPORTANTE: esse circuito é muito lindo, com algumas paradas estratégicas para curtir piscinas naturais nas praias do Bode e Baía dos Porcos. Lembrando que é importante chegar na praia durante a maré baixa.
5- um dia para curtir a praia do Sueste. Sugiro que reserve um dia para o Sueste. Ela é o principal ponto da ilha, onde mergulhadores amadores, de snorkeling, conseguem ver melhor a vida marinha, como peixes, tartarugas, tubarões e lagostas. Há um PIC no Sueste, onde o acesso é através do cartão do Parque Nacional. O PIC oferece banheiros, loja de souvenir, lanchonete e escaninhos para guardar mochilas e bolsas.
Lembrando que há uma trilha para a praia do Leão e o mirante do Sueste, podendo fazê-la a pé ou pegando carona com alguém, caso esteja sem buggy. Eu consegui uma carona com o fiscal da ICMBio, que passava por lá na hora, indo para o PIC do Sueste.
A praia dos Leões é o berço das tartarugas, local de desova da tartaruga verde. É proibido andar próximo as áreas demarcadas de proteção de desova e caminhar sobre as bancadas recifais. Não é aconselhável entrar no mar nessa região da ilha, pois as correntes marítimas são mais fortes.
IMPORTANTE: se quiser mergulhar para ver tubarões e tartarugas, é obrigatório o uso de colete de salva vidas, para chegar até o canto direto da praia. É raso e pode ver os peixes com mais facilidade. Se não tiver colete, pode alugar um na hora, ou mergulhar somente no meio da praia. Sugiro que leve pé de pato, principalmente se tiver fora de forma física. Ele é um item de segurança que ajuda o banhista a ficar mais tempo na água.
Já o lado esquerdo, só pode ser acessado caminhando pela areia, pois é proibida a entrada para banho, devido a área protegida do manguezal (único mangue insular do Atlântico Sul), além dos corais localizados bem próximos ao raso.
6- um dia para curtir a praia do Porto, contratar passeio de barco, visitar a capelinha e museu do Tubarão. Todos esses atrativos são localizados perto um do outro, podendo otimizar o tempo para conhecer num dia só. Caso queira almoçar nessa região, há barracas na praia do Porto vendendo prato feito e o restaurante do Museu do Tubarão.
A praia do Porto é mais frequentada por famílias, com crianças pequenas, pois há uma barreira de proteção fazendo com que a água fique mais calma. Lembrem de levar sapatilhas, pois há muitas pedras no raso.
Um mergulho famoso de snorkeling no porto é até o naufrágio. Sugiro que contrate um nativo para desbravar melhor os naufrágios da ilha.
7- se você tem o sétimo dia, sugiro que volte ao lugar que mais gostou da ilha, no meu caso, voltei para a praia do Sancho. Nesse dia, a ideia era sair enrrugada da água, de tanto ficar de molho.. kkk.. e registrar na mente toda aquela beleza.
Tirando o desgaste físico da subida dos inúmeros degraus de pedra, além da escada de ferro entre as rochas, vale muito a pena curtir mais uma vez esse paraíso na Terra.
Eu vi tubarão seguindo um cardume de sardinhas, bem na beira da praia. Geralmente, os banhistas ficam mais a direita, perto da árvore, para se protegerem do sol escaldante e do susto de serem surpreendidos por algum tubarão.
Eles são inofensivos, até que provem o contrário!
Onde é o melhor lugar para assistir o pôr do sol na ilha?
Não posso ir embora sem listar os melhores pontos para assistir o pôr do sol na ilha:
1- na ponta Air France/Porto/Capelinha
2- no forte da Vila dos Remédios
4- no mirante do Boldró
Não tem desculpa de não assitir um pôr do sol maravilhoso na ilha, hein?
Para quem tiver curiosidade de ler mais sobre a ilha, segue outro post falando sobre a minha primeira experiência em Fernando de Noronha, com fotos de aproximadamente 20 anos atrás.
Site fantástico. Muita informação útil aqui
ResponderExcluirObrigada :-)
ExcluirMuito legal seu posto sobre Fernando de Noronha. Mas o meu problema conhecido é o mesmo que para viagens internacionais, o preço
ResponderExcluirOi Moises, tudo bem?
ExcluirO preço é salgado mesmo. Para fazer uma viagem dessas precisa ter um bom planejamento financeiro. Desejo que você possa realizar a sua viagem :-)
Bom saber como funcionam as viagens para Noronha durante a pandemia. Parabéns pelo texto, está ótimo!
ResponderExcluirOi Roberto, tudo bem?
ExcluirCaso tenha dúvidas, pode entrar em contato pelo contato@dani.tur.br
Fernando Noronha está "na lista" há muito.... com estas dicas ainda fico com mais vontade!
ResponderExcluirOi Olga, tudo bem?
ExcluirVocê vai adorar a ilha!
Realmente o prazo de 24 horas é pequeno para fazer o exame e ter o resultado né?! Mas achei legal terem te deixado entrar na ilha e te colocar de quarentena até a apresentação do resultado. Outros lugares do Brasil deviam seguir essa estratégia, forma mais segura de viajar durante o aumento de casos na pandemia.
ResponderExcluirOi Ana, tudo bem?
ExcluirEles que estipularam o prazo de 24h anted do embarque. Nenhum resultado de exame é entregue num prazo tão curto. Ainda bem que a adm da ilha revisou esse prazo, aumentando-o. Dessa forma, a pessoa já sabe se poderá viajar ou não. :-)
Que demais suas dicas do que fazer em Fernando de Noronha.
ResponderExcluirÉ um sonho que quero realizar o quanto antes! Acredito que irei assim que pandemia der uma trégua, provavelmente em 2022.
Quem sabe até lá já estamos todos vacinados e poderemos viajar menos preocupados, né?!
Muito obrigado pelas dicas!
Vou me programar para assistir o pôr do sol cada dia em um alugar diferente! hahahaha
Abraço!
Oi Murilo, tudo bem?
ExcluirO pôr do sol é muito maravilhoso em Fernando de Noronha. Se tiver alguma dúvida sobre o roteiro da ilha, pode me enviar no contato@dani.tur.br.
ResponderExcluirComo a ilha de Fernando de Noronha é bonita. Infelizmente não cheguei a conhecer, durante o ano que morei no Brasil. O seu post está super completo para quem quer planear a visita em tempos de pandemia. A sua sugestão do teste faz todo o sentido
Oi Ruthia, tudo bem?
ExcluirQuem sabe você não possa conhecer a ilha, quando estiver de férias no Brasil? :-)
Você nem imagina o stress que tive com as "autoridades fiscais" devido a esse prazo do PCR. Não fazia nenhum sentido colocar o prazo para 24h antes do embarque. Anyway, ainda bem que eu não desisti na viagem.
Eu amei Noronha, já quero visitar! Quem sabe no segundo semestre as coisas estarão melhores!? Vou seguir todas as suas recomendações. Obrigada por compartilhar!!!
ResponderExcluirQuero muito visitar Fernando de Noronha um dia, adoraria conhecer esses lugares de mar azulão. Não vejo a hora de poder visitar depois dessa pandemia.
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