Nessa noite havia uma tensão no ar: será que a temperatura da água poderia
provocar algum risco aos atletas que se propuseram participar dessa prova? Acredito
que muitos dormiram com essa dúvida, pois estava fazendo frio no Rio de Janeiro e já comentavam que a temperatura da água estava muito gelada pra quem fosse nadar sem neoprene.
Dia seguinte, o factível dia, acordei cedo e fui pra Copacabana ao encontro de amigos e atletas que também iriam realizar essa travessia. Um quarteirão de distância do posto
5 e já se via a movimentação de pessoas no calçadão: organizadores avisando sobre as
instruções de cada prova, anunciando a largada de provas anteriores a minha, equipes do mar distribuindo fichas aos seus atletas, filas
no guarda-volumes, pessoas se cumprimentando, fotógrafos
apontando suas máquinas para os melhores ângulos, trânsito respeitando o
evento: todos respirando o mesmo ar de muita energia positiva, alegria e vontade de
conquistar mais um desafio.
Copacabana: amiga Padilla que tem uma energia incrível e quem me introduziu ao grupo de atletas do Clube Naval Piraque. |
Meu desafio naquele momento era a
prova de 3500m! A expectativa foi aumentando após a largada do Biathlon e a de
1000m. Pensei: daqui a pouquinho também estarei abraçando o mar com minhas
braçadas! Mas a largada não foi no posto 5, então, embarquei junto com a equipe do Clube Naval Piraque numa van ate o posto 1, Leme.
Copacabana: atletas do Clube Naval Piraque reunidos apos chegada no posto 1. (foto do fotografo Daniel Werneck) |
Chegando no posto 1, me veio a tona sentimentos de emoção e aventura aos
quais pude compartilhá-los com os amigos que iriam realizar a mesma
prova. Um pouco antes da largada, pintou um certo nervosismo e me senti desorientada, sem saber ao certo como proceder após largada, pois não enxergava as boias direito, sou míope! Nesse momento, eu ainda nao tinha óculos de natação com grau e passava um perrengue no mar sem enxergar o que vinha de longe. Bem, foi então que os amigos Simone Paes Leme, Marcio Martins, Galvani Cavalcante e Filipe Mendes me passaram dicas importantes de como se comportar na largada e qual ângulo fazer para passar perto das boias. Ufa! Agora sim, voltei a ficar calma e confiante pra realizar a prova com tranquilidade.
Essa tranquilidade em minha mente
foi fundamental para que eu pudesse fazer a esperada prova sem muitas
complicações, pois não tinha o propósito de competir e muito menos largar junto
com a galera, evitando assim tapas e ponta pés. A largada foi dada e os competidores
foram rumo à primeira boia e eu, na areia, assistindo aquela imagem linda de várias
braçadas por segundo e o burburinho no mar provocado pelos corpos em movimento,
porque não dizer, um cardume de atletas!!..kkk.. foi lindo!
Depois de esperar o pilotão seguir,
chegou a minha hora de trocar calor com a água fria. Logo de primeira,
dois fatores me favoreceram: o dia amanheceu nublado, então o calor escaldante
carioca não provocaria um possível choque térmico e minha resistência corporal
com a água fria estava boa devido aos treinos diários na piscina.
Lá fui eu com o maior sorrisão no
rosto, mas não acreditando ainda que estava realizando um sonho no qual estava
adormecido há um tempo. Ok, entrei na água rumo a primeira boia e a primeira
coisa que me veio em mente: ai Jesus, que água fria é essa minha gente!!.A água estava congelante! Aff!
Assim que eu fiquei paralela à praia, a água já tinha virado a minha parceira, meu corpo já estava aquecido e ela não afetava mais a minha mente até porque, havia outras preocupações em mente naquele momento como: enxergar as boias, quem manda ser míope!! Limpava os óculos a cada 15 minutos pois estava sempre embaçando e tentava ajudar pessoas ao meu redor: vi algumas entrar em pânico por causa da temperatura da água.
Assim que eu fiquei paralela à praia, a água já tinha virado a minha parceira, meu corpo já estava aquecido e ela não afetava mais a minha mente até porque, havia outras preocupações em mente naquele momento como: enxergar as boias, quem manda ser míope!! Limpava os óculos a cada 15 minutos pois estava sempre embaçando e tentava ajudar pessoas ao meu redor: vi algumas entrar em pânico por causa da temperatura da água.
Aos poucos fui percebendo que tinha
bastante pranchas de apoio na água acompanhando os nadadores e isso me tranquilizou, pois percebi que se
alguém precisasse de primeiros socorros, eles ajudariam. Estava atenta devido a relatos de histórias de pessoas que
passaram mal na água em travessias passadas, por isso, estava de olho a qualquer movimentação estranha
perto de mim.
Nas minhas intermináveis paradas
para ajeitar e limpar os óculos (marinheira de primeira viagem) pedi que um dos
carinhas da prancha me indicasse o caminho, pois já me sentia perdida e ele foi super solícito, além
de ter me indicado, ainda me acompanhou por um tempo se certificando que eu
havia entendido o que ele tinha dito... kkk.. eu devo ter feito alguma cara de "não estou entendo nada".
Acredito que a mente de todos os participantes fique
em plena ação durante a travessia, mas se não fica, tudo bem, a minha fica a mil por hora!!!.. É uma terapia mental!! Parecia que eu estava nadando no infinito. Nesse momento o meu corpo estava bem acelerado, mas não sentia as pontas dos dedos das mãos e dos pés e foi aí que percebi que eu já estava na reta final quando alguns nadadores se aproximaram de mim para fazer a virada na ultima boia. Ufa! Fiquei um pouco preocupada com essa dormência.
Mas você acha que acabou por ai?? Nada disso, quando pisei na areia, já no sentimento de missão cumprida, escutei uma voz gritando: Bora, corre corre!! Vixe! Pensei: ainda não acabou não??... Mas tem aquele ditado, manda quem pode e obedece quem tem juízo.. kkk... e como sou obediente, corrí até a linha de chegada!.. Ufa!!.. Agora sim terminou! Alegria total!
Mas você acha que acabou por ai?? Nada disso, quando pisei na areia, já no sentimento de missão cumprida, escutei uma voz gritando: Bora, corre corre!! Vixe! Pensei: ainda não acabou não??... Mas tem aquele ditado, manda quem pode e obedece quem tem juízo.. kkk... e como sou obediente, corrí até a linha de chegada!.. Ufa!!.. Agora sim terminou! Alegria total!
Copacabana: chegando feliz da vida. Detalhe: abre o olho japa! (foto da Katia Silva) |
Foi
uma experiência incrível!! Acho que só quem já fez consegue entender esse sentimento de realização de um sonho. Amei!! Voltei para o convívio dos amigos que estavam trocando ideias sobre a prova e eu, super feliz com gostinho de quero maissss... J
Bravoooooo!!!!!! Avise da próxima travessia, estarei lá torcendo! Beijocas !
ResponderExcluirOba! Legal!
ResponderExcluirSera avisada! Bjkas
Dani, vc estava nadando quantos metros e com que frequência para se preparar para travessia?
ResponderExcluirEu tinha acabo de voltar a nadar depois de alguns anos parada. Estava me preparando diariamente, mas fazia 2000m na piscina. Fiquei surpresa por conseguir fechar os 3500m no mar.
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